Hoje vou falar da morte, minto, vou falar de assuntos que por um lado estão relacionados com a morte e por outro com a parvoíce total, campónia e ostracizada.
Em primeiro lugar é de referir que os portugueses sentem uma certa empatia pela morte, talvez porque lhes fascina. Vejamos o caso do D. Sebastião apesar de o homem estar mais do que morto ainda existe muita gentinha que acha que ele vai regressar numa noite de nevoeiro. Meus caros companheiros é pouco provável que o homem regresse e vou apresentar agora as premissas que vão apoiar a minha opinião.
Ora vejam lá, se por ventura o senhor estiver vivo porque é que nunca veio? Cá para mim o bandido está numa ilha paradisíaca no pacífico, porque outra razão está vivo e não vem cá fazer uma visita ao país que o viu nascer. Deve ter deixado cá mulher e pirralhos e não quer pagar a pensão de alimentos para além disto deve ter uma offshore nas Ilhas Caimão.
A outra razão que apoia a minha tese é que o gajo foi decapitado, à primeira vista não parece mortal mas é! A menos que ele tenha genes de uma superbarata acredito que esta premissa é bastante forte.
Apesar disto aconselho prudência em noites de nevoeiro, nunca se sabe o que vai “Rolar” para o meio da estrada!
O outro assunto relacionado com a morte que gostava de abordar é a aptidão que as pessoas têm para descobrir, relatar e discutir pessoas que morreram. A verdade é que quando paro pelas casas das minhas tias mais velhas ouço sempre o mesmo tipo de conversa.
“-Olha sabes quem é que faleceu?
-Não! Quem?
-O Rui D’avintes!
-Que Rui D’avintes? O que era filho da Micas de cima?
-Não! O Rui D’avintes que era filho do Celestino divorciado que se juntou com a Ana dos Barrateu do lamarão!
-Ah esse Rui D’avintes! Coitado era um desgraçado a mulher era raça do caralho! Acabou por o trair com o Vítor do talho!
-Ai mas ele não era pêra doce! Antes da mulher o trair já ele andava nas meninas à muito tempo! Corre por aí que gastou toda a fortuna da família! Era um desnaturado…
-E também houve aquela temporada que ele fugiu com a filha do Venceslau para o Algarve! Estiveram lá na apanha do morango mas a filha do Venceslau decidiu voltar para o filho do coveiro!
-Era boa pessoa…”
Se acharam que o diálogo acabou de forma repentina e sem sentido é porque de facto as conversas terminam desta maneira!
Mas provavelmente a coisa que me deixa mais irado são os locais onde afixam que pessoas morreram. Não sou contra isto, mas de facto é estúpido ir no passeio e ver parar carros uns atrás dos outros para que os seus condutores vejam quem faleceu. Para depois chegarem a casa e terem assunto para falar com o resto da família, principalmente os filhos!
É sempre bom desde cedo matar aquela esperança que brilha nos seus pequenos olhos!